terça-feira, 8 de novembro de 2011

Manifestantes aguardam em delegacia liberação de alunos da USP detidos

Cerca de 70 estudantes permaneciam presos na tarde desta terça-feira (8).
Reintegração de posse do prédio da reitoria aconteceu nesta madrugada.


Policiais permaneciam no 91° DP fazendo segurança do local (Foto: Paulo Piza/ G1)


Dezenas de estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH) permaneciam, por volta das 17h20 desta terça-feira (8), na região do 91° DP, no Ceasa, na Zona Oeste de São Paulo. Eles aguardavam a saída dos cerca de 70 colegas que estavam detidos por conta da invasão da reitoria da USP.
A reintegração de posse do prédio ocupado começou no fim desta madrugada, após os estudantes definirem em assembleia na noite de segunda que não cumpririam uma decisão judicial para deixar a reitoria no prazo estipulado. As equipes do 2º Batalhão de Polícia de Choque (BP Choque) deixaram o quartel da corporação, na região da Luz, Centro de São Paulo, por volta das 4h30 e chegaram 40 minutos depois à Cidade Universitária. Eles arrombaram portas do prédio da reitoria.

Nesta tarde, o clima em frente à delegacia era de tranquilidade. A maior parte dos estudantes tomava um lanche em uma barraquinha ao lado do DP. Eles só se manifestavam quando equipes de TV entravam no ar.
Apesar da tranquilidade, os policiais da Força Tática da PM permaneciam fazendo a segurança da delegacia.

Depoimentos
O delegado Dejair Rodrigues, responsável pela 3ª Seccional (Zona Oeste), disse que, até as 17h20, 30 dos 73 alunos detidos durante a reintegração de posse tinham sido ouvidos. Nenhum deles quis responder às perguntas da polícia. O delegado informou ainda que, até o horário, ninguém havia pagado a fiança de R$ 545 arbitrada. Os alunos serão indiciados por dano ao patrimônio público e desobediência à ordem da Justiça.
Por volta das 15h, a mãe de um dos estudantes levados para o 91º DP também foi detida por desacato. “Ela xingou um policial do [Batalhão ] Choque. Bateu boca”, disse o delegado José Roberto Arruda. De acordo com ele, a mulher assinará um termo circunstanciado, quando não há necessidade de fazer boletim de ocorrência, e será liberada em seguida.
A mulher discutiu com o policial militar porque queria ver o filho, que estava dentro de um dos ônibus fretados para levar os universitários depois que a PM cumpriu a ordem de reintegração. Por volta das 16h, um ato em frente ao prédio da reitoria da USP reunia representantes de alunos, professores e funcionários que se manifestavam contra as prisões.
Reintegração
O estopim para a ocupação de 12 dias na USP começou no dia 27 de outubro, quando a Polícia Militar, em um patrulhamento pelo campus da Cidade Universitária, deteve três alunos com maconha. Houve protesto e, no mesmo dia, os universitários ocuparam a sede administrativa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). No dia 1 de novembro, em assembleia, os estudantes decidiram desocupar o prédio da FFLCH, mas um grupo dissidente também fez uma votação e resolveu invadir o prédio da reitoria.
No dia 3, a Justiça autorizou a reintegração de posse do prédio da reitoria e deu 24 horas para os alunos saírem do local. Caso não cumprissem a ordem, a juíza que concedeu a liminar em favor da USP autorizou, "como medida extrema”, o uso de força policial.
Representantes da reitoria, dos alunos e do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp) se reuniram para tentar chegar a um acordo, mas não houve avanços.
As principais reivindicações dos estudantes são a saída da PM do campus - o que implica acabar com o convênio firmado em setembro entre a corporação e a instituição para aumentar a segurança na Cidade Universitária-, e a revisão de processos administrativos e criminais abertos pela USP contra alunos e servidores.
Uma reunião com estudantes e representantes da universidade estabeleceu no dia 5 um prazo final para que os alunos deixassem a reitoria: 23h de segunda-feira (7). Na madrugada do dia 8, por volta de 5h, a PM cumpriu a reintegração de posse do prédio, em uma operação que contou com a Tropa de Choque e teve 73 jovens detidos – 63 deles estavam dentro do prédio quando os policiais entraram. Eles foram levados de ônibus para uma delegacia. A polícia disse que encontrou coquetéis molotov, caixas com morteiros e um galão com gasolina foram nas salas da reitoria.

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